Serviços de marketing, publicidade, PR, comunicação e eventos entrarão num novo ponto de equilíbrio em termos de produção das in-house e das terceirizadas
Ambev, Unilever [1], Santander [2] entre tantas outras empresas anunciaram recentemente que estão estruturando ou fortalecendo as agências de marketing in-house, isto é, criando estruturas internas para o desenvolvimento de ações promocionais para seus produtos e marcas. Algumas não farão uma ruptura total e manterão alguns serviços contratados com agências externas.
Vamos lembrar que as agências in-house acabaram ou foram extremamente reduzidas nas estruturas das empresas há bons anos. Foram substituídas por agências com times de profissionais que ofertaram agilidade e criatividade no planejamento de campanhas e estratégias e na entrega dos serviços. Principalmente no que se refere à criatividade, onde estavam as maiores queixas internas por conta da falta de novidades. O “olhar de dentro” que se tornava viciado, não gerava a emoção esperada para impactar o público e agregar valor aos negócios. Afinal, marketing sem impacto não tem sentido e nem gera valor.
Seria uma volta ao passado quando as empresas e bancos tinham internamente grandes times de criação, produção de conteúdo e veiculação de peças de comunicação e marketing, eventos, endomarketing, entre outras atribuições da área? O que mudou no mercado motivando a nova distribuição dos serviços de marketing?
O que aparentemente está se configurando é um novo ponto de equilíbrio em termos de atendimento e produção, num mix entre trabalhos internos e terceirizados.
A evidência mais clara que justifica o retorno das in-house é o momento digital que vivemos. A qualquer momento marcas, produtos e serviços ficam expostos no mercado em alguma rede social ou publicação web. Oferecem ameaças e oportunidades, tudo muito de acordo com a visão das empresas e seus times de marketing.
As respostas devem igualmente acompanhar o ritmo e a velocidade dos ambientes digitais. Nessa hora, as in-house se justificam: vivem o dia-a-dia da empresa, conhecem a essência do negócio e podem reagir rapidamente a fatos no curto prazo, respeitando todas as premissas definidas pela empresa em termos de posicionamento no mercado.
A reação rápida é um pouco mais complicada quando toda a operação de publicidade, comunicação e marketing está terceirizada com outras agências. Imagine o tempo entre captar a ideia ou contexto originado em alguma publicação web ou em redes sociais, uma real oportunidade de posicionamento, transmitir ao atendimento na agência, que deverá internalizar e discutir com seu time para apontar as alternativas, retornar ao cliente para aprovação, cliente responde com prós e contras, para então ir à produção e finalmente ao go-to-market. Fatalmente, por mais rápido que seja o processo, não colabora em nada. O timing fica muito prejudicado.
O equilíbrio entre serviços da in-house e terceirizadas pode trazer bons ganhos para as empresas e para as agências. As respostas rápidas que podem ser dadas pelas in-house aliadas a estratégias elaboradas de médio e longo prazos em conjunto com as terceirizadas podem ganhar um bom impulso em termos de engajamento e receptividade por parte do mercado.
As agências terceirizadas vivem de criatividade, de buscar alternativas fora da caixa em termos de soluções de marketing com a produção de conteúdo em múltiplos formatos, oferecendo opções de tecnologias em plataformas dinamizadas, fruto da coexistência com trabalhos para clientes de outras áreas e segmentos de negócios.
A vivência dessa multiplicidade de ambientes e negócios
sempre será um grande diferencial das agências terceirizadas em termos de ações
criativas e visões amplas que as agências in-house muito dificilmente
alcançarão. Há espaço para todos, agora temos que acompanhar e aguardar a
acomodação do novo modelo de relacionamento entre as agências in-house e as
terceirizadas.
[1] Revista Exame – “AMBEV: Uma agência para chamar de sua” –
https://exame.abril.com.br/revista-exame/uma-agencia-para-chamar-de-sua/
[2] Meio & Mensagem – “Santander busca modelo in-house”