12011299_10153287445144671_4609911618004656569_n Evento contou com o apoio da Abag e reuniu 130 participantes entre investidores, analistas financeiros e profissionais ligados à cadeia do agronegócio 

Com o apoio da Abag, da Cetip e do escritório Pinheiro Neto, a Securitizadora Ecoagro, empresa especializada na estruturação de operações financeiras para o agronegócio, promoveu na sexta-feira (25), em São Paulo, um debate sobre o tema “O Mercado de Capitais e o Agronegócio – Uma Alternativa de Crescimento”. No evento, que contou com a presença de 130 pessoas entre investidores, analistas financeiros, corretores e profissionais ligados à indústria agropecuária, o diretor executivo da Abag, Luiz Cornacchioni traçou um panorama do setor, enfatizando os desafios enfrentados no momento.

Cornacchioni destacou a liderança mundial do agronegócio brasileiro na produção de alimentos. Lembrou, entre outros dados, que o setor é responsável por 25% do PIB, gera aproximadamente US$ 100 bilhões em exportações ao ano e que responde por 30% do emprego formal do Brasil. “Tudo isso é feito graças ao esforço do produtor, que enfrenta uma deficiência logística enorme, que provoca uma expressiva elevação de custo. Levar grãos até os portos brasileiros chega a ser três vezes mais caro nos Estados Unidos, e até quatro vezes superior ao gasto pelo produtor argentino”, comentou. Ao final, reforçou que o setor não conseguirá sustentar o crescimento sem crédito, destacando a importância do mercado de capitais e das novas modalidades de aporte de recursos.

A análise do dirigente da Abag foi referendada por Carlos Ratto, diretor executivo da Cetip, ao salientar que, com a menor disponibilidade dos recursos de longo prazo do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a saída para os vários segmentos que necessitam de financiamento desse tipo, como é o caso do agronegócio, está nos instrumentos do mercado de capitais. “Tem havido forte crescimento na busca por algumas modalidades. No caso do CRA (Certificados de Recebíveis de Agronegócios), a média de emissões do primeiro semestre deste ano foi cinco vezes superior a do mesmo período de 2014”, informou Ratto.

Outro participante do encontro, o advogado Tiago Lessa, do escritório de advocacia Pinheiro Neto, destacou aspectos ligados à regulamentação da área. “Acredito que a atual falta de uma regulamentação específica tem como ponto positivo o estímulo à criatividade dos profissionais e empresas envolvidos no meio. Um exemplo disso é a possibilidade de o CRA ser lastreado em moeda estrangeira. Quando não temos regulamentação isso é convite à inovação, que é parte importante do processo de crescimento do segmento”, ponderou Lessa.

Já Moacir Teixeira sócio do grupo Ecoagro, comentou sobre o importante peso do agronegócio na economia brasileira e o papel do mercado de capitais no desenvolvimento desse mercado, complementando as linhas de financiamento existentes e, principalmente linhas de longo prazo, garantindo ao produtor rural e às empresas a possibilidade de planejar melhor a sua gestão operacional. O sócio da Ecoagro lembrou também a crescente participação das securitizadoras por meio da emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio – CRA e a robustez dessas estruturas com a participação de vários agentes, como os escritórios de advocacia, agente fiduciário, entre outros. Outro fator relevante é a participação da poupança urbana de pessoas físicas nesses investimentos, que têm o beneficio da isenção da alíquota de IR.

O encontro promovido pela Ecoagro e pelo Pinheiro Neto teve também uma palestra proferida do economista e consultor José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Entre outras análises sobre as perspectiva do agronegócio e da economia brasileira, Mendonça de Barros observou que, apesar dos prognósticos desalentadores da economia brasileira para os próximos anos, o agronegócio ainda tem condições de manter elevados níveis de crescimento, como aconteceu nas últimas décadas. “O agro é o único segmento que tem como característica investir em inovação para manter a produtividade elevada e, assim, ganhar competitividade. Nos últimos anos, enquanto a produtividade média da indústria de forma geral não saiu do lugar, a do agronegócio cresceu nada menos que 20,8%”, relatou o palestrante.

Mendonça de Barros também relacionou outros fatores que podem favorecer o agronegócio. “Apesar da desaceleração recente na economia chinesa, a demanda por alimentos daquele país ainda continuará muito forte. Isso deve compensar um pouco a esperada queda no consumo de minério de ferro. Outro segmento que deve ser beneficiado por mudanças nos padrões de consumo do chinês é o de celulose, uma vez que há uma nítida tendência de aumento no consumo de itens ligados a higiene, onde há forte presença de papel”, lembrou o consultor. Ainda em relação à China, Mendonça de Barros frisou que a disponibilidade de terras para produção ali é escassa e que, para seu abastecimento de alimentos, fibras e energia, os chineses continuarão dependentes de dois fornecedores principais: Brasil e Estados Unidos.

Sobre as perspectivas gerais da economia brasileira, Mendonça de Barros é pessimista no curto prazo e otimista no médio e longo prazo. A seu ver, o atual modelo de desenvolvimento implantado pelo grupo político que ocupa o governo federal está esgotado e deverá se substituído nos próximos anos, com o Brasil voltando a se pautar num Estado menor, focando em competitividade, produtividade e na redução dos gastos. “Nesse sentido, a área de mercado de capitais ganhará ainda maior importância para a economia como um todo e para o agro também”, finalizou.

 

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