Roberto Ticoulat, presidente do CECIEx, apresenta uma breve análise da importância das comerciais exportadoras e importadoras no comércio exterior brasileiro

Elaboramos algumas questões para Roberto Ticoulat, presidente do Conselho Brasileiro das Empresas Importadoras e Exportadoras – CECIEx, sobre o papel atual das empresas comerciais importadoras e exportadoras no cenário de comércio exterior brasileiro e quais as perspectivas. Estes temas serão amplamente discutidos no evento V Encontro CECIEx, que ocorrerá no dia 27 de agosto, em São Paulo.

1- Como têm se comportado as pequenas e médias empresas brasileiras  junto aos mercados compradores internacionais?

Roberto Ticoulat – A globalização é um fato que afeta a todos,  indivíduos e empresas. Na palestra realizada por ocasião do IV Encontro do CECIEx, o professor da FGV, Luiz Roberto Carnier,  mostrou que, na somatória do PIB mundial de US$ 28 trilhões, em  1999, cerca de US$ 6 trilhões, 21% do total mundial, eram consumidos  fora do país onde foram produzidos. Ele estima que, em 2030, 80% de tudo o quer for consumido em algum país, será importado. Pode-se imaginar, claro, a demanda por serviços, seja de logística, seguro e, claro, comercialização, que essa operação de exportação e  importação irá demandar.

Para nós, é evidente que as pequenas e médias empresas brasileiras  precisam participar desse comércio internacional, até como estratégia de sobrevivência. E como? Agregando produtos importados  prontos à sua linha de negócios e também comprando no exterior  partes e peças que reduzam o preço final dos itens que produzem.

As empresas comerciais, por sua vez, não agem de modo diferente. Para competir, quer na variedade, quer no preço, valem-se de opções em outros países. Na corrente da exportação, especialmente pelo lado das indústrias, também já ocorre uma abertura para mercados externos.  Certamente ainda contida pela relação desfavorável do Real x Dólar, mas que começa a esboçar um movimento que ajudará nessa procura por outros mercados internacionais. Várias empresas que expandiram suas atividades para o mercado externo quando a situação competitiva era melhor, tiveram de se internacionalizar    e montar plantas em outros países para não perder mercados construídos.

2 – Que produtos ou segmentos encontram maior demanda junto aos compradores internacionais?

Roberto Ticoulat – Os setores mais favorecidos são aqueles em que o Brasil desfruta de uma vantagem competitiva, como é o caso de produtos do agrobusiness – alimentos e bebidas. Também naqueles em que seja fornecedor único – variedades e colorações de granitos, como exemplo.

E outros em que somos os criadores únicos – pão de queijo, sandálias Havaianas, açaí, entre outros. Ainda, em setores em que o Brasil exerce uma liderança mundial, caso da odontologia, o que beneficia os produtores de equipamentos médico-odontológicos.

São, claro, exemplos variados mas que demonstram a capacidade e potencial de exportação, de fazer negócios com o exterior que muitas empresas e segmentos têm.

3. Como as comerciais importadoras e exportadoras estão ampliando a presença de produtos brasileiros no mercado mundial?

Roberto Ticoulat – Colocando, acima de tudo, o know-how de conhecimento internacional. Por exemplo, quais mercados são carentes por quais produtos, por que preços esses produtos são comercializados nesses mercados, nível de exigência dos consumidores, logística adequada para os produtos chegarem no  momento certo, segurança sobre o importador que está efetuando a compra, detalhes sobre embalagens e registros prévios, entre muitas outras capacitações e competência.

Normalmente uma comercial importadora / exportadora é fundada por um empresário que já tem uma larga vivência no comércio internacional e, quase sempre, especializado em alguns produtos ou família de produtos.

Portanto, essa empresa, como dizemos, representa um estoque de conhecimento que é colocado em benefício das pequenas e médias indústrias. As oportunidades estão mesmo aí para serem exploradas, mas os melhores negócios serão realizados entre as empresas que têm conhecimento e relacionamento em mercados internacionais.

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